domingo, julho 30, 2006

Oração

quando todos pensarem que estou morto
estarei na montanha mais alta da Grande Aldeia
ao lado direito de Augusto dos Anjos
sob a sombra de um sol morto & esquecido
refletido nas raízes que nascem dos olhos de Cruz & Sousa

quando todos pensarem que estou morto
estarei na maior selva de pedra da Aldeia Grande
na forma de vento ou pássaro noturno
olhando como um cego a luz do sol para todos os mistérios da terra & do céu
encravados nos caminhos da arcaicos

quando todos pensarem que estou morto
estarei correndo nu pelo olimpo
um deus entre os deuses
solitário e louco como um rei selvagem
ou um monge ébrio entre os miseráveis

quando todos pensarem que estou morto
estarei na taberna ou na praia mais fascinante
conversando com a Virgem e com Jim Morrison
fumando haxixe, ópio e marijuana
bebendo lentamente o vinho do Soma das Almas

quando todos pensarem que estou morto
estarei em meditação tão profunda
que um tolo me tomará por um espectro ou por um fantasma
e os sábios cairão por terra
cegos pelo brilho da estrela que arde em meu estômago

quando todos pensarem que estou morto
estarei vivo na última semente
apodrecendo no charco
& germinando a árvore do próximo planeta
depois da morte e do enterro da esperança

3 comentários:

Dreca disse...

e eu a inalgurar os comentários de teu blog! rs... adoro teus escritos e disto tu já está farto de saber! e de tuas várias máscaraseucasca prefiro essa... niilista mórbida transgressora maldita! bebendo ainda as letras de verde abscinto daquele poeta aculá?! parece...



te adoro!

nuno g. disse...

Esse poema é de minha autoria.
É o poema de abertura do livro "O sol e a maldiçao"
Faça a devida referência quando publicar textos de outros escritores.
Nuno Gonçalves Pereira

nuno g. disse...

Esse poema é de minha autoria.
É o poema de abertura do livro "O sol e a maldiçao"
Faça a devida referência quando publicar textos de outros escritores.
Nuno Gonçalves Pereira