sexta-feira, dezembro 29, 2006


Engolir um choro causa náuseas. Poderia sentir menos os honrosos calos adquiridos nas estradas pedregosas de um humanóide universo se não tivesse o delicioso hobbie de afogar-se. Sim, ele fingia desconhecer a existência daqueles instrumentos de medição presentes a tempos consideráveis. Quem me dá um sorriso? Ah, poderia compensá-lo com flácidos olhares e cheiro de baba e pernas dançantes e informações sobre os amantes de Cleópatra e... Vamos! Onde perdeu seu amor próprio? Use seus frouxos olhares para captar as partículas constituintes de elementos como o ar, terra, água, fogo e homem! Sinta o cheiro individualista que se acerca de cada um pelo simples fato de haver uma cultural hierarquia nessas geometrias aristotélicas. Quem te dá um sorriso? Provavelmente pretende vender o mais novo secador de cabelos feito pela mega-empresa Belle. Ainda se atirará no poço-raso sonhando em mares? Mas... tens razão! E o que seria a razão? Deixe-me ver... ah, mais um bom artigo para se vender em livrarias. Além disso? Quiçá ilusão. Digo quiçá porque a moda do dia é não cair em sensos comuns. Aliás essa era a moda dos anos 60 e de qualquer geração cadavérica que luta por... Espera! Que fazes? Já te disse que o intra-asfalta é formado por petróleo cuja extração é danosa a natureza, sem contar com o monopólio... Logo vejo! Te disseram aquilo não foi? Vivem dizendo isso “para todos” (calma, a música de Chico é exceção). Meu caro, o monopólio não foi inventado para os homens e sim para o dinheiro! Mas se os papéis se invertem... inclusive o dinheiro é feito do papel em outro lócus semântico, óbvio. Óo pite! Como diriam os americanos no aparente momento que nos envolve. Aportuguesando, apenas para não gerar controvérsias aos poucos amantes dos valores luso-brasileiros! PENA... e volto a Chico. Terá mesmo atrapalhado o trânsito? Fiquei sabendo pelo jornal da construção de novas avenidas objetivando descentralizar o caótico mundo de quatro rodas... para que diabos inventaram a roda? Pelo visto me resta fechar a porta e aguardar as faixas amarelas dos agentes de polícia! Poderia ter esperado inventado isso há dois séculos atrás pois ficaria memorado no jornal do dia seguinte... É o que dá conviver num jogo de banalização da arte, cultura, sapatos, pentelhos e inclusive da morte!

quinta-feira, novembro 09, 2006

antigo mas bonito... um pouco do antigo eu...

ressonância
o mel de meus lábios pelo teu corpo nu
a essência das flores em nossas peles, em nossos poros
o cheiro do cheiro exportado de ti
junto a mim, satifeito
meus olhos nos teus olhos
nossas carnes em uma só alma
orgasmo mental em simples presença
garantia de tudo o que é belo
de todas as cores que se fazem azul
mel de teus lábios pelo meu corpo nu
arrepio morno queimando por dentro
felicidade emanada na essência de nossas flores
de nossas camas, dos nossos lençóis
sorrisos, gozos e lágrimas (alegria em demasia)

breve poema de um fim...

Se Um de Nós Cair em Desespero
Ao menos espero que ao fim
Não fique apenas uma vaga lembrança
Do quão grande fora tua felicidade
Ou quão especial foram os nossos
Breves momentos inesquecíveis

sábado, novembro 04, 2006

acho que vocês sabem bem de quem eu estou falando nesse texto...

Da distância dos amigos.

Aos amigos distantes, a certeza de que em cada gesto meu há um punhado de saudade. Conservo sua imagens, seus sorrisos, seus abraços. Meus amigos, quando longe, dormem no imaginário afeto.
E é nesta lembrança que o homem se faz maior, imune à estupidez que cerca o mundo, na morada do respeito aos semelhantes. Aos amigos errantes, a convicção de que as pedras, mesmo paradas nos montes, rolarão com a chuva, serão partidas pelo tempo e um dia se encontrarão, no vértice das coisas não ditas.
Estão comigo os homens exploradores das sombras que cercavam meu peito. Eles arrancaram a luz, entre copos, porções de amendoim e música, eles deram vida ao que padecia sob a poeira dos velhos discos, eles ouviram delírios, consolaram a dor, aplacaram a angustia, relevaram os tropeços de alguém desacostumado a medir o que dizia. Nossa filosofia de calçada iluminou as ruas dessa cidade ao mesmo tempo desencantada e bendita. Somos os loucos das entrelinhas das histórias daqui e qualquer acorde dissonante, de viola furada ou pífano afônico, nos trará de volta ao que na verdade nunca deixamos.
a todos os que apareciam na janela quando tudo parecia pequeno demais.

terça-feira, outubro 24, 2006

um pouco de Morphine para vocÊs...

Cure For Pain
Composição: Mark Sandman

Onde está o ritual
E me diga onde está o gosto
Onde está o sacrifício
E me diga onde está a fé
Algum dia existirá a cura para a dor
E neste dia eu jogarei meus remedios fora
Quando eles acharem a cura para a dor
Onde está a caverna
Para onde foi a sábia mulher
E me diga onde
Onde está todo o dinheiro que gastei
Eu proponho um brinde ao meu auto-controle
Você o vê rastejando pelo chão
Algum dia existirá a cura para a dor
E neste dia eu jogarei meus remedios fora
Quando eles acharem a cura para a dor
Quando eles acharem a cura acharem a cura para a dor

quinta-feira, outubro 19, 2006

A solidão desses dias me martela o espírito... realmente me perco na subjetividade do tempo...

DIAS LENTOS
Atravessando a solidão em dias lentos, as minhas constantes inconstâncias me flagram em expansão, como se eu fosse um castelo de areia de encontro ao vento e ficasse cada vez menor ao me espalhar pelo ar! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? Fiquei maior que meu próprio lar?!...se eles ao estarem me vendo pudessem ao menos me enxergar, não achariam nunca estranho, em nenhum momento, eu estar euforico nesses dias de depressão!!! E na esfinge de pedra que sobrevive ao tempo será que eu decifro meu coração em vão? (ou nunca vou decifrar...) Estou querendo romper os muros que me invadem...eu quero deixar o mar me levar....QUANDO A VIDA PEDE UM TEMPO...CUIDADO!!!É TEMPO DE DESPERTAR!!!Se a solidão me trouxer ao fundo do poço...o que de pior ela me trará!!! Cansei de querer abraçar o mundo e nada conseguir tocar!!!! Estou querendo romper com tudo e me libertaaaaaaaaaaaaaaaaar!!! E QUANDO NINGUÉM ESTIVER ME VENDO, que ao menos eu possa me enxergar...

quarta-feira, outubro 18, 2006

"o mundo anda tão complicado..."

silêncio absoluto...
hum...não se pode querer vencer em tudo na vida,
não se pode querer que essa agônia toráxica suma ao passe de uma varinha mágica,
às vezes só temos que esperar,
confiar e torcer para que tudo ocorra bem, como manda o figurino,
o figurino...nesse clima hóstil de adversidades soltas ao vento,
todo réu primário é inocente, isto é, todos podemos matar ao menos uma vez,
não sei quem escolherei...
silêncio quase absoluto...
esse som de fundo que funde minha nuca como brasas de espetos dos churrascos que nunca fizemos,
animaizinhos sacanas estes são...não são?... não?
...mas o que tenho a ver se o mundo anda pra baixo,
a gravidade nos empurra pro centro,
só e simplesmente isso,
e o que você tem a ver com isso?
nada, só e simplesmente isso...
hum...
mas mesmo assim,
sinto arrepios em minha ânsia de vômito
...inércia, inércia...

vou sair um pouco da política...

Joué à la marée

Sabe aquele moço que me afrontou, que tentou me derrubar, me estragar, destruir. Quando vim para cá, entre meus pertences e a solidão. Tentou, me extraviar, fazer com que eu desistisse. Me trazendo saudades das coisas como eram antes.
Mas encontrei coragem, e algo para me apoiar.
Pois é, ele quem me bate as costas novamente, esse rapaz chamado medo. Aflição, agonia, tristeza, são tantos sentimentos neste momento. Agora tenho problemas, perdas e complicações. Alguns que amo estão insatisfeitos e com raiva/ódio de mim. O meu apoio, o meu camarada, o meu irmão está voltando para seu habitat. O meu coração ficou vazio com o fim.
Tudo confuso, pareço que estou num grande galpão vazio, enxergando em preto e branco.
Me passa a cabeça a mesma vontade de antes, de ir.
Por enquanto vou tentar permanecer, nem que seja, apenas, vivo. A vida é assim mesmo, cheio de muros, é evolução.
Enquanto isso fico na espera. Après l'orage la tranquilité.

terça-feira, outubro 03, 2006

Que se foda a democracia... o que todos nós precisamos é de autonomia!!!

Autonomia agora!
Autonomia não é algo para o futuro pós-revolução, autonomia não é uma promessa, autonomia é uma condição.
Não é algo a ser comprado, negocia do, é algo para ser construído, experimentado e defendido.
Não existe modelos pré-concebidos de autonomia, e se alguém lhe apresentar um, desconfie.
Autonomia não é algo pós revolução, autonomia é a condição para a revolução.
Menos conversa, mais prática (Não vote!).
Literalmente, o que precisamos é de menos conversa e mais prática, pois o que temos até agora é uma vasta divulgação e reprodução de literatura libertária - o que não é nada mal.
E o que pouco temos é a prática libertária.
Isso deve ser invertido.
O que pode ser mais nutritivo para a resitência e autonomia, do que a prática da desobediência e a prática da própria autonomia?
Só se aprende a jogar jogando.
Como e o que poderemos então falar de subversão, desobediência e autonomia se não praticarmos a subversão, a desobediência, a autonomia? Como podemos falar de autonomia e abolição do Estado pregando o voto? - Nulo ou não, que diferença faz?
Foda-se o Estado! Foda-se o voto! Não voto e nunca mais votarei!
Não, isto não é um martírio, muito menos um sacrifício, apenas na prática não vou permitir que os aparatos da civilização tenham poder sobre mim. Muito menos irei às urnas ser carimbado como "controlado".
Muitos já disseram antes, Tolstoi tambem com muita frequência afirmava que o Estado não tem poder nenhum, somos nós que legitimamos seu poder ao sermos submissos. Alguem então pode questionar se eu levaria esta posição até o momento em que, em alguma ocasião , por desobediência, eu seria preso ou ameaçado.
Respondo firmemente que sim , e neste caso os índios novamente nos ensinam sobre a liberdade : "Quando do massacre dos Guarani junto aos Sete Povos das Missões, em Santo Inácio, território argentino, um grupo de resistência ao invasor branco lutou até o fim. Em dado momento perceberam que seriam aniquilados. Então mataram suas esposas e f ilhos. No final os poucos lutadores que restavam lançaram-se em direção ao abismo, recusando serem presos vivos.
Pode parecer suicídio, mas não é. O índio não conhece essa prática dos civilizados. O que ele não aceita é viver sem liberdade. Essa é uma condição de que ele não abdica, já que a vida sem liberdade contraria toda a sua essência, adultera sua visão do mundo." (Edilson Martins - Nossos Índios, Nossos Mortos - 1978)
Aos que temem as consequências, será que estão aptos a falar de liberdade? Será que estão aptos a lutar por liberdade? Será que estão aptos a viver a liberdade?

Reflexão pós eleição

É com muita angústia que eu vejo a maior parte dos "anarquistas" brasileiros se agarrarem com tanto afinco a ilusão do voto nulo, imagninado ser um ato rebelde de protesto e até mesmo subversivo, gastando tempo e energia defendendo o voto nulo (ou apenas reproduzindo e publicando os mesmos textos e argumentos), anarquistas contraditoriamente assumindo uma campanha eleitoral.
Em pensar que historicamente os anarquistas repudiam a utilização de qualquer mecanismo do Estado, a participação em eleições por exemplo (imagine: tempo, energia e recursos incentivando pessoas a votar). Anarquia é imcompatível com reformismo. E tristemente é o reformismo que os "anarquistas" brasileiros adotam ao defender o voto nulo. Voto nulo ainda é voto, e o ato de votar é legitimar o controle do Estado. A campanha "libertaria" pelo voto nulo tem se tornado o refúgio, a oportunidade de gastar energia revolucionária contida ao longo do periodo sem eleições, um periodo em que aguentam e abaixam a cabeça para as forças domesticadoras (entre elas o trabalho, uso do dinheiro, acesso a água, comida e abrigo).
Desta maneira, os anarquistas brasileiros, de fato nunca vão representar um perigo, e fisicamente nunca vão exercer uma ameaça ao poder (muito menos um passo a frente na auto-gestão). Desta maneira, os "anarquistas-do-voto-nulo" ao defenderem sua estratégia reformista ou aliviadora de consciência, não deveriam usar as palavras "anarquia", "subversão", "revolta" e "revoluçao", sob o risco dessas palavras perderem seu significado - o que ja está ocorrendo.
Atualmente as iniciativas anarquistas no Brasil, em sua maioria, tem sido iniciativas tímidas, limitadas a reprodução de textos, tentivas inúteis (com algumas boas intenções) de organização, entre outros apegos esquerdistas, uma nostalgia estéril ao passado anarquista e de anarquistas refletida em algumas revistas e editoras que ainda se mantém "clássicas" e rígidas em suas publicações.
Não bastasse este cenário morno, pouco tempo atrás vieram as vendas das idéias de Hakim Bey, o que deu um ar liberal, promíscuo e comformista aos rebeldes carentes de direções, alienando e direcionando as instintivas energias revolucionárias e desobedientes a supostas intervenções cotidianas, uma espécie de "subversão consumível possível".
Se houve algumas boas intenções nessas idéias, o que eu duvido, acabou virando uma armadilha, contribuindo ainda mais para a mentalidade perdida dos "subversivos" perdidos - e amedrontados.
Enfim, geralmente o que se encontra hoje no meio anarquista brasileiro é a reprodução fiel de um papel específico reservado pela sociedade de mercado. Resultado: nada de revoltas, nada de questionamento, nenhuma desobediência, autonomia zero, baderna nas prateleiras.
Infelizmente e perigosamente isso é o que encontramos no meio anarquista brasileiro, ou seja, auto-gestão, controle de nosssas vidas, independência e capacidade de prover e defender tudo isso para nós e para os nossos queridos, estão longe de acontecer, estão longe de serem construidos (o que é mais importante).
A luta anarquista hoje no Brasil está atolada no lodo reformista, obediente, esquerdista e liberal. Está mais que na hora de limpar este lodo com a água cristalina da desobediência, expontaneidade e liberdade irrestrita.
PARA VOLTARMOS A SERMOS PERIGOSOS:
By Ari Almeida
Perder a ilusão de um sociedade de massas libertária. Defender uma sociedade complexa de massas e libertária é o mesmo que defender a hidratação do óleo. Apegados a essa ilusão de uma sociedade global interdependente e libertária, um bom punhado de tempo e energia é gasto especulando a "manutenção liber tária" dessa sociedade, essa energia direcionada ao impossível resulta em uma realidade local nada libertária. - A desnecessidade de organização Esse sonho esquerdista tem sequestrado por anos tempo, energia e recursos, alienando os indivíduos que se agarram a essa tendência paternalista da construção de sua própria autonomia. Pois assim, gastam energia inutilmente enfrentando as dificuldades (que se mostram eternas) de organizar uma corrente, uma organização, federação, etc, esperando que a partir disso com o rígido controle interno e disciplina editarão um jornal e discutirão a conjuntura, ao invés de gastarem energia de forma eficiente enfretando os obstáculos da contrução de sua própria autonomia e daqueles que realmente dividem seu dia-a-dia, fertilizando a resistência com sua própria experiência. Grupos de afinidade ou agrupamentos espontâneos sempre responderam melhor aos objetivos e problemas que se apresentavam, pelo simples motivo de não estarem "petrificados". Deixemos a esquerda se afundar sozinha Não é preciso dizer muito sobre a falência da esquerda, sua tara por um capitalismo humanizado, se revelando então a faceta humanista da civilização, "domesticação para todos". Abandonemos então as eternas e monótonas convocações para a construção de um partido revolucionário, a adoração marxista ao industrialismo, fórmulas emancipatórias, entre outras mesmices. Questões como domesticação, divisão de trabalho, tecnologia, produção, individualidade e progresso nunca serão questionadas pela esquerda, e sim administradas. A civilização está desmoronando e levará junto todas as suas aberrações, dentre elas, a esquerda.

quinta-feira, setembro 28, 2006

“Tudo que é grande está em meio à tempestade.”

“...Nascer não é nascer. Também nascem aqueles homens aos quais Nietzsche chamou ‘os últimos’. Aqueles que não levam em seu ser o caos, aqueles que não apenas são incapazes de criar uma estrela, mas que também se entregam à vida imbecil, à banalidade, à subordinação. Esses seres opacos que buscam a fortuna, que fogem do azar e do risco. Do risco, sobretudo, de viver entre asperezas, duramente.Num mundo sem deuses, apenas os homens que enfrentam seu caos, que jamais se saciam, nem descasam, os que criam, imaginam e decidem em meio e a partir do caos, só eles são ainda capazes de engendrar uma estrela. Serás parte dessa tropa? Tu te lançarás ao assalto do grandioso?Existe apenas um modo: não temas o teu caos. Não fujas dele. Deixa-o crescer e em ti, inundar-te, pôr-te louco. Mas não o sufoques com a felicidade. Os homens vivem buscando a felicidade, e a felicidade é uma invenção burguesa, é uma morte pequena, segura, que não dói nem machuca. É uma morte que acontece todos os dias. É a morte ínfima do cotidiano, que te aparta da dor, ou do horror, mas que te afunda no niilismo da cretinice. Quando o Dasein autêntico morre, ele não morre, deixa de ser. O Dasein da fortuna, da levianidade inautêntica, o que viveu fugindo a seu próprio caos, esse quando morre não deixa de ser, porque nunca foi.O caos não é sofrimento pelo sofrimento. Não é a queixa, o lamento débil. O caos, teu caos, é a estrela de tua grandeza e a profundidade de tua fortuna, que é secreta, que é íntima, que é forte porque se provou em meio a todas tempestades, cara a cara com a morte. O caos é a fonte criativa de teu espírito. Ali, tão-somente ali, a felicidade, que incorporou a sabedoria da dor, te fará grande, e poderás até oferecê-la aos outros. Nunca aos imbecis. Os homens que conquistaram sua estrela só se reconhecem naqueles que conquistaram a deles ou estão por fazê-lo, porque buscam, porque não matam a sede com artifícios, com novidades. Desses homens, por meio deles, retornariam a este mundo os deuses que o abandonaram.”In: “A Sombra de Heidegger” de José Pablo Feinmann.
Incrível... um texto destes e não foi escrito por mim...

Definitivamente, se eu pudesse eu não seria um problema social...

Uma fórmula de impedir que os capitalistas extraiam riqueza de nosso trabalho.

Não se mate de trabalhar. Em termos gerais, não há nada mais óbvio que uma operação tartaruga (claro que greves tartarugas são válidas). Quando iniciamos um novo trabalho deveríamos trabalhar um nível abaixo de nossa verdadeira habilidade. Nunca deixe-os saber que podemos fazer mais. Faça o mínimo que puder desde que não seja demitido. Isto pode configurar um nível realmente alto de produção em um mercado de trabalho muito competitivo onde há milhões de empregados puxa-sacos que tentam impressionar seus patrões e ganhar mais (isto é, ser promovido) ou no mínimo manter seus empregos. Mas quanto mais trabalhadores adotarem a atitude de produzir o mínimo possível mais difícil será os patrões descobrirem aquilo de que realmente os trabalhadores são capazes de fazer. A secular luta entre capitalistas e trabalhadores situa-se precisamente na necessidade que os capitalistas tem de extrair mais valia dos produtores diretos que aquilo que eles pagam em salários e benefícios. Esta batalha foi, e está sendo, travada em cima da jornada de trabalho, salários, velocidade de produção, acidentes de trabalho, tempo de férias, intensidade de trabalho, licença médica, período de almoço, horas extras, idade de aposentadoria, saúde e pensão beneficia, e assim por diante. Qualquer coisa que exija um maior pagamento por parte dos capitalistas e uma diminuição dos seus lucros debilita o mundo deles e fortalece o nosso.Mas “fazer corpo mole no trabalho” vai um pouco além destes outros tipos de luta. Nenhum negócio poderia durar um ano não fosse pelo entusiasmo, energia, e dedicação dos trabalhadores em sua labuta. Isto acontece em toda parte, em todo canteiro de obras, em toda fábrica, e em todo escritório. Sempre há aqueles poucos que mantém o andamento empresarial, ou até mesmo o mantém operando suavemente. O capitalismo desmoronaria sem esta energia criativa, sem essesresolvedores-de-problemas, sem esta inteligência livre aplicada a situações novas. Basta observar o que acontece quando alguns trabalhadores tentam "trabalhar para valer" – as coisas começam a se desvendar rapidamente. Os capitalistas ainda continuam pregando que os trabalhadores fazem apenas o que eles mandam e que não pensam sobre o que fazem ("apenas faça") ou (“just do it”). ao mesmo tempo em que normalmente culpam os trabalhadores quando coisas dão errado, por não terem visto o problema e tomado a iniciativa para corrigi-lo.O princípio de ‘fazer corpo mole’ significa não assumir qualquer responsabilidade pelo sucesso do negócio, não trazer nenhum entusiasmo a nosso trabalho, não fazer nada quando as coisas derem errado, não resolver nenhum problema da produção para os patrões, não prestar nenhuma informação, não criar nada novo, não melhorar nenhum procedimento - em suma: faça o mínimo possível. Aí está uma fórmula de impedir que os capitalistas extraiam riqueza de nosso trabalho. Isto também constitui um importante azeitamento na engrenagem do processo de acumulação sem o qual o sistema entraria em colapso.Sempre houve pessoas lentas no trabalho. Isto freqüentemente cria tensões porque os outros trabalhadoresnormalmente têm que fazer o trabalho que os ‘preguiçosos’ não estão fazendo. Mas o que aconteceria se todos nós, ou a maioria de nós, nos tornássemos ‘preguiçosos’? A estratégia do ‘fazer corpo mole’ sugere precisamente isto - que todos nós possamos inventar uma doença para não ir trabalhar. Isto vai porém contra o caráter, pelo menos de muitos de nós. É natural querer fazer as coisas direito, desenvolver habilidades, ter orgulho de nosso trabalho. Entretanto, temos queperceber que nossos exploradores contam com nossas boas motivações e as usam contra nós. Nossos instintos naturais em superar as dificuldades estão sendo usados para destruir nós mesmos, nossas comunidades e efetivamente a própria terra.Finalmente, até que ponto qualquer indivíduo pode se tornar um ‘corpo mole’ variará, depende da situação da pessoa e de sua personalidade. Pessoas que possuem famílias grandes, muitos amigos, e em meio a muitos colegas de trabalho, são mais fáceis de serem demitidas. Ao contrário de pessoas muito isoladas. Também, há aquelas que tem mais medo que as outras, sendo mais vulneráveis às pressões, e às ameaças dos patrões. Apenas pessoas destemidas e seguras podem desprezar a arrogância dos patrões e dos chefes. Se pudéssemos conseguir que nossos bairros, locais de trabalho, eassociações de Casas estivessem de nosso lado, teríamos coragem suficiente para fazer ‘corpo mole’ no trabalho. Outra coisa de vital importância estratégica, é nos dedicarmos a tarefas não exploradas pelos capitalistas, assim, enquanto construímos nosso mundo, arruinamos o deles.O princípio estratégico do ‘fazer corpo mole’, poderia se tornar o componente central dentro de uma cultura deoposição ao capitalismo, e é algo que pode ser iniciado hoje mesmo por toda pessoa empregada. “Just don’t do it”. Apenas não faça. Não esquente a cabeça. Não crie nada.Naturalmente, há precauções de segurança que devem ser observadas. Operadores de guindaste, pilotos, motoristas de ônibus, cirurgiões (e dúzias mais de trabalhadores em funções críticas) devem ser suficientemente hábeis para assegurar que ninguém se machuque. Entretanto mesmo dentro destes limites há ainda bastante coisa a fazer. A maioria das funções não são em nada críticas. Também, o ‘fazer corpo mole’ no trabalho deve ser acompanhado por um esforço determinado por construir algo de qualidade em outro lugar. Caso contrário, o “corpo mole” pode se tornar um modo de vida, nada mais que um atoleiro de preguiça e apatia.

Reflexão pré-eleição

Estamos todos presos. De ambos os lados dos muros a mesma sociedade. Uma se acha boa; a outra é vista como má. A normal encarcerada no seu espelho é o que lhe é insuportável. Ela diz que lá dentro eles serão educados para voltarem integrados ao lado de fora. A sociedade se defende construindo prisões e constatando que elas não dão certo. Faz reformas na arquitetura e na lei para internar novamente: negros, nordestinos, bichas, pequenos ladrões, jovens, religiosos, ateus, manos, desempregados, larápios, halterofilistas, operários, um-sete-uns, manicures, pobres, punks, putas, loucos, bêbados, homens e mulheres quase normais, enredados em infrações e armadilhas policiais e jurídicas. Estar dentro ou fora é quase um acidente. Dizem que somos livres, mas vivemos prisioneiros dentro do território nacional. Dizem que somos civilizados, mas ainda não aprendemos com as sociedades primitivas a ser antropofágicos. Temos medo de subversão.
Estamos todos presos.

terça-feira, setembro 19, 2006

Recuperei a internet!!!

Até que einfim consertaram a internet aqui do Hospital... vou poder reiniciar as minhas postagens aqui...

PS: este post não existe!!!

terça-feira, setembro 05, 2006

O CAOS

O caos não é radicalmente oposto à racionalidade. Esta já foi mais ou menos posta sob controle, mas mesmo as ciências estão chegando a seus confins: em determinado momento, há o muro do objeto e as leis físicas se invertem ou não funcionam mais. No entanto, não abandonamos a utopia de um conhecimento cada vez mais sofisticado, ainda que essa ilusão radical não esteja no interior da própria ciência. De minha parte, eu gostaria de arriscar uma hipótese quase maniqueísta: em última instância, estaríamos lidando não com uma apropriação do objeto-mundo pelo sujeito, mas com um duelo entre sujeito e objeto. E nele o jogo não está feito... Tenho mesmo a impressão de que há uma espécie de reversão, de desforra, quase de vingança do objeto, pretensamente passivo, que se deixou descobrir, analisar, e que subitamente se tornou um pólo de estranha atração e também de repulsa. Desenrola-se aí um antagonismo quase fatal, da ordem do de Eros e Tanatos, em uma espécie de confronto metafísico.Atualmente, nossas ciências confirmam o desaparecimento estratégico do objeto na tela da virtualização: o objeto passou a ser inapreensível.Cá entre nós, eu acho isso muito irônico: a regra do jogo está mudando, e não somos mais nós que a impomos. É este o destino de uma cultura, a nossa. Outras culturas, outras metafísicas estão, sem dúvida, menos abaladas por essa evolução, porque elas não tiveram a ambição, a exigência, a fantasia de possuir o mundo, de analisá-lo visando dominá-lo. Mas, como pretendemos dominar o conjunto de todos os postulados, evidentemente é nosso próprio sistema que caminha acelerado para a catástrofe.

Jean Baudrillard in “Senha”.

E eu com isso?

O sonho de muitos, é encontrar alguém que ame, morar junto, ter uma casa, 1 carro, 1 computador...Acordar cedo, trabalhar, chegar tarde e cansado do trabalho, dar 1 beijo na(o) esposa(o) e no(s) filho(s), fazer a última refeição do dia e dormir. Chegar no fin de semana, se tiver condições, chamar o pessoal prum churrasquinho ou então só uma cervejinha assistindo o jogo pra esquecer de tudo. Chegar 2ª–feira, ter que aceitar a monotonia e o tédio toda de volta, se perguntar pq viver limitado a isso, se é que conseguirá chegar até isso.
Mas aí vem sua religião, uma resposta conformista p/ tdo, 1 apoio para aceitar sua existência circular, uma coisa que ñ te faz sentir culpa de nada, pois antes de vc nascer já era assim e agora é só esperar Jesus voltar, pois afinal vc crê nele e já comprou seu terreno no paraíso, e além de tudo essa vida é passageira e desta forma vc conseguirá sobreviver nela muito bem.
A maioria das pessoas se imagina no futuro e até fazem planos de serem resumidamente assim, mas quando pedimos para pensar no “pobre” que nem condições de planejar um futuro tem, essas pessoas ficam com dó, mas no fundo pensam “Não posso fazer nada, além do mais, o que eu tenho com isso, ñ me afeta em nada.”
O problema é que os sonhos de consumo destes “pobres” também existem, e isso pode levar ao lado negro de todos seus planos e te afetar muito, pois vc realiza seu sonho do jeito que quiser, e o “pobre” consegue o que quer roubando (é claro que com exceções), pois ñ tem outra oportunidade, e quando tem, escolhem roubar pois é + fácil, e escolhem assim pq ñ tem acesso à educação, à cultura, informação, eles só tem acesso ao seu sonho de consumo, o artista da TV, o pagodeiro, o jogador, e o traficante da esquina com muita mulher, droga, carro e fama, são seus únicos exemplos de vitória.
A culpa é nossa?
Também, pois se ñ déssemos tantos exemplos de o que é propagado é tão bom; pois nós temos educação acesso a informação e cultura, poderíamos muito bem, boicotar essas merdas consumistas fúteis que só servem p/ trabalharmos mais p/ podermos adquire-las e para despertar essa ganância toda.
Nós poderíamos passar estas informações p/ os que ñ tem acesso a elas, mostrando que o que é propagado é realmente ruim e ñ vale apena viver en conta de uma coisa só pq está na moda ou te traz fama; pois só nós podemos passar essa informação, pois se eles próprios correrem atrás ñ vão ter por onde, e mesmo assim, é difícil até deles correrem atrás pois a lavagem cerebral é tão forte que só pensam no que está na moda e sexo; e, tentando informá-los, poderíamos aumentar ao menos o interesse deles pelo assunto, ou seja pararem de pensar em fama, moda e etc... e pararem p/ pensar na manipulação que estamos sofrendo, assim diminuindo a ignorância e bitolação do povo; enfraquecendo o principal culpado, o governo, pois é a ignorância e a miséria do povo que enchem seus cofres, daí vc vê a falta de escola, saúde, centros culturais y etc...
Mas antes de fazermos isso, teríamos que conscientizar primeiro esses play-boys e patys que são outros bitolados em serem “melhores” e mais poderosos e que despertam mais ainda o interresse dos outros en serem iguais a eles, e além do mais, eles convertem um monte de idiotas para fazerem idiotices e mostrar que além de tudo, ser idiota também é essencial, e essa ignorância só ajuda a piorar, e eles ñ lembram que estão fazendo vontade de mais, a ponto de caírem por causa do tênis ou do relógio, acho que por isso são assim.
Mas o pior, é que se no final todos soubessem disso e tentassem mudar, na hora do almoço, a coca-cola falaria mais alto para a maioria, pois “uma a mais uma menos não muda nada”. Mas por quê? Pq desde nenéns aprendemos que é tais marcas são indispensáveis e indiscutivelmente as melhores, e até hoje agimos como ignorantes consumindo tudo, e também para fazermos algo, temos que esperar os outros fazerem também.
Por isso te peço, pare, pense e aja por vc mesmo (mas não como punk’s que todos tem a mesma forma de agirem por eles mesmos) aja até mesmo en coisas bobas como ñ beber coca, boicotar lanchonetes, televisão e deixar de fazer coisas que vc sabe que ñ vale apena e procure mais e mais informação. Enfim faça sua parte.
Mas peraí , vou ficar sem roupa, sem skate?
Não, mas comprando roupa e skate estou dando continuidade para o monopólio de obra-prima e mão-de-obra do mesmo jeito que estarei dando continuidade ao esfomeamento e miseráveis, a matança desenfreada de animais e ao trabalho escravo se estivesse comprando um sanduba do MacDonald’s.
Mas eu, pelado e sem skate ñ fico, então o que seria fazer a minha parte?
Ninguém sabe, pois tudo isso, até chegar nesse ano em que vivemos, foram mais de 10.000 anos de planejamento, coisas e organizações que passaram sublimadas no meio de todo mundo, convertendo, manipulando e padronizando todo mundo, por objetos de desejo.
Mas o que sei que é certo farei e tentarei descobrir a forma ideal do que seria fazer minha parte (esse é um dos intuitos deste texto), assim uma coisa seria certa, “Foda-se se ninguém luta, foda-se se está sozinho faça só a sua parte e o dever está cumprido”.
Até pq acho que ninguém gostaria de viver trabalhando feito um escravo p/ gastar seu suor com futilidades esperando a qualquer momento a notícia que sua mãe foi morta por dois pivetes.

Obs: escrevi essa merda pra tentar mostrar para os que sonham muito alto com seu futuro sem pensar na miséria achando que ñ influi en nada na sua vida, influi e muito, principalmente quando sua família corre risco por causa de 1 real para o pão do miserável.“Circuito interno de tv e guarita, invés de escola na periferia, alarme última geração na casa, invés do barraco ter uma cesta básica, carro blindado lataria anti-tiro, invés de um curso no presídio, A FACA NA SUA GARGANTA é RESULTADO DO SEU DINHEIRO INVESTIDO NO LUGAR ERRADO”. Ou investimos em educação ou investimos em segurança!

quinta-feira, agosto 31, 2006

Salmo da sociedade cristã de hoje em dia...

O consumismo é meu pastor, nada me faltará; ele me faz descansar no meu apartamento redecorado, e me leva canais tranquilizantes pelo cabo. O governo me dá taxas e me guia no (único) caminho certo, como ele mesmo anunciou. Ainda que eu caminhe por um vale revelador como a própria verdade, nada verei. Pois tu, o Dinheiro, estás comigo. Tu me engordas e me digeres. Preparas um banquete pra mim onde meus inimigos me possam comer. Sou teu convidado de honra e enches meu corpo (de coca-cola) até a borda. Sei que tua produção e teu mercado ficarão comigo enquanto eu viver. E todos os dias de minha vida, irei ao shopping. Amém.
Minha alma é um deserto.
Não há vento nem areia.
Não há espaço nem tempo.
Não há sentimento ou lembrança.
Minha alma é um deserto sozinho.
Faltaram chuvas de lágrimas sinceras.
Faltaram rios de memórias correndo para o oceano do inconsciente.
Minha alma está seca.
Os medos riem de mim.
A paranóia duvida de sua própria existência.
O arrependimento tem orgulho de si mesmo.
As facas brotam do chão como grama.
O ar está repleto de fonemas mortos.
A poeira insuportável é composta de simbolismos.
Os totens estão em chamas.
Minha alma é lama.
Desintegra-se.
Agora sim eu posso dizer:
Alma?
Isso não existe.

terça-feira, agosto 29, 2006

Que merda

Além de ter que pagar cadeiras nesta porra que não me servem p´ra porra nenhuma eu ainda tenho que fazer malditos trabalhos inúteis sobre essas porcarias... por que a orientadora não me dá uma nota por um poema sobre o assunto?

A UMA MÃE QUE JÁ PARTIU...

Mãe! Os poetas já tanta coisa escreveram
sobre mães, que eu fico embaraçado sem saber,
neste dia, o que terei pra te dizer...
porque será uma réplica do que outros já disseram...

Mas, mãe querida! Tenho que dizer-te com ternura,
que mesmo através duma névoa escura que limita,
este mundo reduzido em que a gente gravita...
eu te vejo olhar-me com doçura.

A todo o momento sinto a tua presença!
... Sofro na saudade que tenho em meu peito adentro,
uma intensa mágoa de um sofrer duro e pungente.

Não me importa que outros poetas já o tivessem dito,
porque mais uma vez, vou repetir neste momento:
-- Por ti Mãe!... Eu sofrerei eternamente!

...
merda merda merda!!!

domingo, agosto 27, 2006

I.E.P.M.

Existencialismo
Desta maneira, a expansão dos mercados mundiais acarreta um processo de reformulação e modernização do orçamento setorial. Caros amigos, o entendimento das metas propostas nos obriga à análise das condições inegavelmente apropriadas. O que temos que ter sempre em mente é que o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação causa impacto indireto na reavaliação dos procedimentos normalmente adotados. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como a hegemonia do ambiente político prepara-nos para enfrentar situações atípicas decorrentes do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades. A nível organizacional, a execução dos pontos do programa desafia a capacidade de equalização das diversas correntes de pensamento. O empenho em analisar o surgimento do comércio virtual obstaculiza a apreciação da importância das novas proposições. A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com o desafiador cenário globalizado auxilia a preparação e a composição dos índices pretendidos. O cuidado em identificar pontos críticos na consolidação das estruturas exige a precisão e a definição da gestão inovadora da qual fazemos parte. Podemos já vislumbrar o modo pelo qual o julgamento imparcial das eventualidades pode nos levar a considerar a reestruturação do investimento em reciclagem técnica. Todavia, o aumento do diálogo entre os diferentes setores produtivos garante a contribuição de um grupo importante na determinação das diretrizes de desenvolvimento para o futuro. Do mesmo modo, a percepção das dificuldades aponta para a melhoria dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Por outro lado, a mobilidade dos capitais internacionais promove a alavancagem das direções preferenciais no sentido do progresso. É importante questionar o quanto a necessidade de renovação processual estende o alcance e a importância do processo de comunicação como um todo. Por conseguinte, o início da atividade geral de formação de atitudes faz parte de um processo de gerenciamento dos paradigmas corporativos. Gostaria de enfatizar que a valorização de fatores subjetivos assume importantes posições no estabelecimento dos relacionamentos verticais entre as hierarquias. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se a crescente influência da mídia é uma das consequências dos modos de operação convencionais. Assim mesmo, o acompanhamento das preferências de consumo talvez venha a ressaltar a relatividade do levantamento das variáveis envolvidas. A prática cotidiana prova que a estrutura atual da organização apresenta tendências no sentido de aprovar a manutenção das condições financeiras e administrativas exigidas. No entanto, não podemos esquecer que o novo modelo estrutural aqui preconizado facilita a criação do impacto na agilidade decisória. Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como a revolução dos costumes oferece uma interessante oportunidade para verificação das formas de ação. No mundo atual, a consulta aos diversos militantes agrega valor ao estabelecimento das posturas dos órgãos dirigentes com relação às suas atribuições. Neste sentido, a complexidade dos estudos efetuados possibilita uma melhor visão global das regras de conduta normativas.

sábado, agosto 26, 2006

revirando meu HD acabei encontrando uns textos bem antigos meu, dentre os quais está este, sei que faz muito tempo mais eu acho que algo existencialista e emotivo como ele naum deveria ficar de fora daqui...

em breve eu disponibilizo outras raridades...

Já não vejo o mundo com
Olhos de criança ao pôr-do-sol
Completamente despido da intensa insanidade
Que cada vez mais, abriga nossas almas

Pois deixei de crer em tudo aquilo que alimenta meus sonhos
Sem saber como os olhos do mundo desejam me ver
Sem saber o porquê das tuas lágrimas hoje verterem como sangue vivo

Quem me entenderá quando eu não puder mais me levantar?
Quem me dirá que ainda estou no caminho certo quando o mar de erros
Me cercar por todos os caminhos que eu ainda posso enxergar?

Não quero ser aceito...
Tudo o que eu desejo é fazer parte das sombras e ruínas
De tudo que ainda me resta do meu próprio mundo

Sair desse eterno labirinto
E quem sabe poder enfrentar aquilo
Que é mais forte que a soma de todos os meus

...Desejos...

Suas mãos me tocam...
Suas pernas te trazem até mim...
Sua boca profere mais e mais o meu nome...

Mas seus olhos já não mais são capazes de me enxergar
Morrer sempre fora uma solução,
Mas tudo o que aprendi foi a acordar dia após dia,
...E continuar pescando ilusões.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Quão longe são os campos?

Não há graça alguma no que poderá ser. Lamentos e lembranças. No curto corredor entre o ócio e a solidão, a felicidade estava no que foi. Trata-se sempre disso, o evento e a memória, e as vezes no que podia ter sido. Agora, os fatos, solidão. Não existe o diálogo no monólogo. Dois mais dois, lógico, quatro. A memória ressoa nos vastos campos da mente. Os impulsos são de retorno. Inquietude somado ao silêncio, silêncio até que barulhento ecoando nos jardins da idéia. Três vezes três, é é...é muito! Tempestade de vácuo. Passado amado, bocejos de presente. Encontrei um novo amigo, sempre ganho dele no xadrez. Ops, as apresentações, mais novo amigo, "eu". As longas discussões não existem mais, "eu" pensa sempre igual a mim. Os diálogos resumem-se a opinião que é o ponto de partida, e um reluzente monossílabo "sim!". Os ombros pesam. Recolhem-se as lástimas e os desejos. Deus não pode me acudir, não com sua inexistência. Atamo-nos aos fatos, vazio. Vazio. Humm. Deve ser fome. Vou comer, uma nova consciência.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Repense sua vida...

A vida é uma doença sem cura, a cada dia ela se agrava mais e mais. Depois de algum tempo constatamos que já estamos em estado terminal o fim é o inevitável. Seria contraditório afirmar que a morte é a cura ? E suicídio coletivo seria uma espécie de vacinação ? Assistir televisão, fazer compras, comer comida cara. Esse tipo de morte lenta é realmente importante pra você ? A vida é realmente algo que passa e você não percebe como alo incolor, sem dor, e sem arranhões ? Já reparou como os dias passam rápido as semanas e os anos? Você olha pra traz e sente que aproveitou todos esses dias ? Não !?!?! Preguiça, sono, tédio, monotonia, rotina ? se enquadra em alguma porra dessas ? Então tua vida realmente é uma doença e a morte é tua cura!

sexta-feira, agosto 18, 2006

E a porta se abre,
Você está dentro do seu coração.
Imagine que sua dor é uma bola branca,
A qual irá curar você.Isso mesmo,
É a sua dor.
A dor é uma bola branca que irá curar você.

Eu não penso isto.

Esta é a sua vida
É a última gota para você
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é a sua vida que acaba um minuto por vez
Isto não é um seminárioNem um retiro de fim de semana
De onde você está não pode imaginar como será o fundo
Somente depois de ma desgraça poderá despertar.
Somente depois de perder tudo poderá fazer o que quiser
Nada é estático, tudo é movimento
Esta é a sua vida, esta é a sua vida.
Melhor que isso não pode ficar
Esta é a sua vida
E ela acaba um minuto por vez

Você não é um ser bonito e admirável
Você é igual a decadência refletida em tudo
Todos fazemos parte da mesma podridão
Somos o único lixo que canta e dança no mundo

Você não é a sua conta bancária
Nem as roupas que usa
Você não é o conteúdo da sua carteira
Você não é o seu câncer nos testículos
Você não é o seu café com leite
Você não é o carro que dirige
Você não é sua gatinhas fudidas
Você precisa desistir
Você precisa saber que vai morrer um dia
Antes disto você é um inútil

Será que nunca serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar destas suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar desta sua arte inteligente?
Será que nunca vou me libertar do pecado e do perfeccionismo?

Eu digo: Você precisa desistir.
Eu digo: Evolua mesmo se você desmoronar por dentro

Está é a sua vida, está é a sua vida.
Melhor do que isso não pode ficar
Está é a sua vida
Ela acaba um minuto por vez

Esta é a sua vida.

Realmente... este é o trecho do que poderia ser o mais novo evangelho...

quinta-feira, agosto 17, 2006

SE O VOTO PUDESSE MUDAR ALGUMA COISA ELE SERIA ILEGAL.



Não Vote. Há uma lista inteira de coisas para não fazer, especialmente não desperdiçar tempo com estratégias quefalharam. Entretanto, votar merece uma menção especial, por causa da horrível ambivalência que ainda cerca este assunto.A ambivalência surge em larga escala a partir do óbvio fato de que o voto pode representar uma considerável diferença em nossas vidas se o governo ser controlado por fanáticos da extrema direita ou por liberais bonzinhos. Afinal de contas, se os governos ficam nas mãos das pessoas certas, e se a dinâmica interna do capitalismo permitir (isto é, se a taxa de lucro for suficientemente saudável) muitas coisas boas podem acontecer para o trabalhador comum. O que os governos não podem fazer é destruir o capitalismo, porque eles são uma parte integrante do capitalismo.Temos que enfrentar até mesmo argumentos como este. Qualquer tempo ou energia gastos no processo eleitoralsempre fará falta para o alcance de nossos verdadeiros objetivos. Não podemos nos dar ao luxo desse desperdício. Não temos tempo a perder. Ou paramos de lutar por aquilo que queremos ou começamos a lutar por aquilo que queremos. Nóstemos que reservar nossas energias para aquelas estratégias que destruirão o capitalismo e criarão um novo mundo. Alguns radicais argumentam que temos que fazer ambas as coisas, eleger socialistas ou pelo menos liberais progressistas para o executivo ou parlamento, ao mesmo tempo em que construímos instituições alternativas e atacamos o sistema de outros modos. Eles não estão sendo realísticos. Você pode gastar décadas de sua vida tentando construir um trabalho novo oupartido progressiva, mas o que você consegue mesmo se for bem sucedido? Não o que você realmente queria!Além do mais há toda uma gama de objeções ao voto, ele perpetua a ilusão de que vivendo em uma democracia oupelo menos em uma proto-democracia, que legitima o sistema, aquela disputa eleitoral é apenas uma opção para o muito rico, e assim por diante. Você pode recordar a sátira anarquista de que SE O VOTO PUDESSE MUDAR ALGUMA COISA ELE SERIA ILEGAL. Há um adesivo de pára-choque que onde se lê: “NÃO VOTE! ISSO APENAS OS INCENTIVA”. Se possível abstenha-se até mesmo de votar, mesmo que sofra alguns contratempos, é um ato de resistência. É uma rejeição consciente ao capitalismo, uma recusa em vender o cérebro, e como tal é um passo para construir um movimento de oposição.Embora voto universal represente uma grande conquista por parte do proletariado, do feminismo, da agitação pelosdireitos civis, foi ao longo do tempo transformado em um mecanismo de controle pela classe dominante, para ser usado contra nós. Deveríamos dispensar definitivamente esta prática e começar a praticar a ação direta para destruir o sistemaque nos está matando aos milhões.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Aquilo que vem ao mundo para nada perturbar não merece respeito nem paciência

Estamos vivendo uma época de profunda confusão, quem não está confuso está mal informado ou está sendo desonesto consigo mesmo. Ninguém sabe o que está acontecendo e ninguém sabe para onde estamos indo...
Já pensaram nisso???

sexta-feira, agosto 11, 2006

Um grande amigo meu, em uma conversa meio non sense durante uma festa disse-me que eu era mais do que um aborto social, disse que eu era uma novas espécie, que eu era um vírus social que estava se espalhando pela sociedade, como uma pedra no sapato da "pseudoaristocracia burguesa de merda" que estava lutando para dominar o que chamamos de sociedade... embora tenha achado o conceito interessante (esse cara é genial) disse-lhe que mais me parecia com uma ferida crônica, que possivelmente sararia se você parasse de mexer nela e de arrancar a sua casca mais você naum consegue...

O que vocês acham???

domingo, agosto 06, 2006

Tudo ou nada


A Máquina Planetária do Trabalho é onipresente; não pode ser desativada por políticos. Pronto. Será a Máquina nosso destino, até morrermos de câncer ou de doença cardíaca aos 65 ou 71? Terá sido esta a Nossa Vida? A gente imaginou ela assim? Será a resignação irônica nossa única saída, escondendo de nós mesmos nossa decepção pelos poucos anos de correria que nos deixaram? Talvez esteja tudo bem, e nós é que estamos dramatizando demais?
Não vamos nos iludir. Mesmo mobilizando todo o nosso espírito de sacrifício, toda a nossa coragem, não vamos conseguir nada. A Máquina é perfeitamente equipada contra kamikazes políticos, como a Facção Exército Vermelho, as Brigadas Vermelhas, os Montoneros e outros já demonstraram. Ela pode coexistir com a resistência armada e até transformar essa energia num motor para sua própria perfeição. Nossa atitude não é um problema moral, nem para nós e muito menos para a Máquina.
Quer a gente se mate, quer a gente se venda aos nossos negócios especiais, encontre uma abertura ou um refúgio, ganhe na loteria ou jogue coquetéis Molotov, junte-se aos Sparts ou ao Bhagwan, cutuque os ouvidos, tenha acessos de raiva ou ataques de delírio: estamos acabados. Esta realidade não nos oferece nada. Oportunismo não compensa. Carreiras são maus riscos; causam câncer, úlceras, psicoses, casamentos. Saltar fora significa auto-explorar-se nos guetos, mendigar nas esquinas de ruas imundas, esmagar piolhos entre as pedras do jardim da comunidade. A lucidez se tornou cansativa. A estupidez chateia.
Seria lógico perguntar a nós mesmos coisas assim: Como eu realmente gostaria de viver? Em que tipo de sociedade (ou não-sociedade) eu me sentiria mais confortável? O que realmente quero fazer comigo? Sem pensar no aspecto prático, quais são meus verdadeiros desejos e expectativas? E vamos tentar imaginar tudo isso não num futuro remoto (os reformistas sempre gostam de falar sobre a próxima geração), mas durante as nossas vidas, quando ainda estamos em boa forma, vamos dizer durante os próximos cinco anos...
Sonhos, visões ideais, utopias, aspirações, alternativas: não serão somente novas ilusões a nos seduzir novamente para participarmos do esquema do "progresso"? Não as conhecemos desde o neolítico, ou do século 17, da ficção científica e da fantasia literária de hoje? Vamos sucumbir de novo ao charme da História? Não é o Futuro o primeiro pensamento da Máquina? Será que a única saída é escolher entre o sonho da própria Máquina e a recusa de qualquer atividade?
Tem um tipo de desejo que, onde quer que surja, é censurado científica moral e politicamente. A realidade dominante tenta aniquilá-lo. Esse desejo é o sonho de uma segunda realidade.
Os reformistas nos dizem que é mesquinho e egoísta seguir apenas os próprios desejos. Precisamos lutar pelo futuro das nossas crianças. Precisamos renunciar ao prazer (aquele carro, férias, ar condicionado, TV) e trabalhar duro para que as crianças tenham uma vida melhor. Essa é uma lógica muito curiosa. Não foram exatamente a renúncia e o sacrifício da geração dos nossos pais, e seu trabalho duro nos anos 50 e 60, que trouxeram essa bagunça em que a gente está hoje? Nós já somos essas crianças, aquelas para quem houve tanto trabalho e sofrimento. Por nós, nossos pais fizeram (ou morreram em) duas guerras mundiais, incontáveis outras "menores", inumeráveis crises e falências grandes ou pequenas. Nossos pais construíram bombas nucleares para nós. Dificilmente foram egoístas: fizeram o que lhes disseram para fazer. Construíram com renúncia e sacrifício, e tudo isso apenas resultou em mais renúncia, mais sacrifício. Nossos pais, em seu tempo, superaram seu próprio egoísmo, e acham problemático respeitar o nosso.
Outros moralistas políticos poderiam objetar que dificilmente estaríamos autorizados a sonhar com utopias enquanto milhões morrem de fome, outros são torturados, desaparecem, são deportados e massacrados. É difícil fazer valer os direito humanos mais mínimos. Enquanto a criança mimada da sociedade de consumo faz listas de desejos outras nem sabem escrever, ou não tem nem tempo para pensar em desejos. Mais, olhe um pouquinho em volta: conheceu alguém morto por heroína, alguns irmãos ou irmãs em asilos, um suicídio ou dois na família? Qual das misérias é mais grave? Dá para medir? Mesmo se não tivesse miséria, seriam nossos desejos menos reais só porque os outros estão piores, ou porque poderíamos nos imaginar piores? É precisamente quando a gente age só para prevenir o pior, ou porque outros estão pior, que a gente torna essa miséria possível, permite que ela aconteça. Nesse sentido somos sempre forçados a reagir às iniciativas da Máquina. Há sempre um escândalo ultrajante, uma incrível impertinência, uma provocação que não pode ser deixada sem resposta. E assim nossos setenta anos vão-se embora – e os anos dos outros também. A Máquina não se importa de nos manter ocupados com isso. É uma boa maneira de evitar que fiquemos conscientes desses desejos imorais. Se começássemos a agir por conta própria, aí sim haveria problemas. Enquanto apenas (re)agirmos na base das diferenças morais, seremos tão impotentes quanto rodas dentadas, simplesmente moléculas explodindo na usina do desenvolvimento. E como já estamos fracos, a Máquina acaba conseguindo mais poder para nos explorar.
Moralismo é uma arma da Máquina, realismo é outra. A Máquina criou nossa realidade atual, nos treinou para ver segundo ela vê. Desde Descartes e Newton, ela programou nossos pensamentos, assim como a realidade. Estender deu padrão sim/não ao mundo inteiro e ao nosso espírito. Acreditamos nessa realidade, talvez por hábito. Mas enquanto aceitarmos a realidade da Máquina, seremos suas vítimas. A Máquina usa sua cultura digital para pulverizar nossos sonhos, pressentimento e idéias. Sonhos e utopias são esterilizados em novelas, filmes, música comercial. Mas essa realidade está em crise; a cada dia há mais rachas, e a alternativa sim/não é nada menos que a ameaça apocalíptica. A realidade definitiva da Máquina é sua auto destruição.
Nossa realidade, a Segunda realidade, a dos velhos e novos sonhos, não pode ser presa na trama do sim/não. Recusa ao mesmo tempo o apocalipse e o status quo. Apocalipse ou evangelho, fim do mundo ou utopia, tudo ou nada: este é o único tipo de opção que a realidade atual oferece. Podemos escolher facilmente entre esta realidade e a Segunda realidade. Meias atitudes, tipo esperança, confiança ou paciência, são ridículas e enganadoras, pura auto-sedução. Não há esperança. Temos que escolher já.
O Nada se tornou uma realística possibilidade, mais absoluta do que os velhos niilistas ousaram sonhar. Nesse aspecto, os méritos da Máquina precisam ser reconhecidos. Finalmente, chegamos ao Nada! Não temos que sobreviver! O Nada se tornou uma alternativa realística com sua própria filosofia (Cioran, Schopenhauer, Budismo, Glucksmann), sua moda (preta, desconfortável), música, estilo de casa, pintura, etc. Apocalípticos, niilistas, pessimistas e misantropos têm todos bons argumentos para suas atitudes. Afinal, se você transforma a vida, a natureza ou a humanidade em valores, só existem riscos totalitários, biocracia ou ecofascismo. Você sacrifica a liberdade para sobreviver; novas ideologias de renúncia emergem e contaminam todos os sonhos e desejos. Os pessimistas são os únicos realmente libre, felizes e generosos. O mundo nunca será suportável de novo sem a possibilidade de sua autodestruição, assim como a vida do indivíduo é um peso sem a possibilidade do suicídio. O Nada está aí de prova.
Por outro lado, Tudo também é muito sedutor. Claro que é muito menos provável do que o Nada, mal definido, parcamente pensado. É ridículo, megalomaníaco, pretensioso.
NADA
Talvez esteja aí só pra tornar o Nada mais atraente.

sábado, agosto 05, 2006


Acho que estou meio anarquico ultimamente... a série de fragmentos do que chamo de eu encontra-se num inevitável conflito em busca de mim mesmo... enquanto tento me resolver vou postar alguns poemas, alguns de minha autoria e outros naum, que naum só fazem parte da minha história lembrará a todos que fazem parte dela...

P.M.S.L.

Impossivel é não odiar estas manhãs sem teto e as valsas que banalizam a morte
Tudo que fácil se dá quer negar-nos.
Teme o lúdibrio dos corolas.
Na orquídea busca a orquídea que não é apenas o fátuo cintilar das pétalas:
busca a móvel orquídea: ela caminha em si,
é contínuo negar-se no seu fogo, seu arder é deslizar.
Vê o céu.
Mais que azul, ele é o nosso sucessivo morer.
Ácido céu.
Tudo se retrai, e a teu amor oferta um disfarce de si.
Tudo odeia se dar.
Conheces a água? ou apenas o som do que ela finge?
Não te aconselho o amor.
O amor é fácil e triste.
Não se ama no amor, senão o seu próprio findar.
Eis o que somos: o nosso tédio de ser.
despreza o mar acessível que nas praias se entrega, e o das galeras de susto;
despreza o mar que amas, e só assim terás o exato inviolável mar autêntico!
O girassol vê com assombro que só a sua precariedade floresce.
Mas esse assonbro é que é ele, em verdade.
Saber-se fonte única de si alucina.
Sublime, pois, seria suicidar-no:
trairmos a nossa morte para num sol que jamais somos nos consumirmos.

Poema Concreto

O que tu tens e queres saber (porque te dói)
não tem nome.
Só tem (mas vazio) o lugar
que abriu em tua vida a sua própria falta.
A dor que te dói pelo avesso,
perdida nos teus escuros,
é como alguém que comenão o pão,
mas a fome.
Sofres de não saber
o que tens e falta
num lugar que nem sabes,
mas que é tua vida,
quem sabe é teu amor.
O que tu tens, não tens.

O Albatroz
Tradução de Ivan Junqueira
Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao próncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.

“Uma noite triste”
Cuspo sangue e versos de dor sofridos,
Arrancados da minha negra alma e moídos.
Junto ao sabor amargo de meus desejos abortados
Minha impotência é esse fardo que trago tatuado.
Acho que nunca fui feliz ao lado de alguém.

Vou morrer sozinho...
Este é meu caminho.
E quem um dia, disso, irá se lembrar,
Quando a luz da última estrela se apagar?

quarta-feira, agosto 02, 2006

Caro Amigo

Cá as coisas andam com as pernas que não tem. E se o coração insiste em bater é porque a vida tem destas coisas, ela parece querer sempre valer a pena. Por isto sempre que eu lembrar seu nome vou erguer ao alto uma canção e a minha casa, bem como a sua, vai boiar na fronteira do não.Sabe cara, andei lendo livros. E o que eles me dizem não se diz em palavras, de modo que no não dito, no não escrito, reside sempre o feito. Nossos heróis, nós sabemos, estão a roubar supermercados e afirmar a humanidade acima das mercadorias, estão a burlar os preços, a pressupor os fatos nas frestas do sistema. Nossos heróis, ao contrário do que disse certa vez Cazuza, não morreram de overdose: NOSSOS HERÓIS SÃO A OVERDOSE.
Nós somos o excesso, o que sobra e não se enquadra, somos os que insistem em pensar as estruturas para fraturá-las no vértice, no apêndice do caos urbano. Vale dizer meu amigo, que nós somos por demais humanos, e como tais, por demais amamos. Esta nossa mania de amar a vida é também nossa mania de amar os vivos. Pois então, aos vivos e às vivas, todo amor que couber no tempo. Sem o por acaso das lágrimas e lamentos, nós não vivemos apenas para fabricar excrementos, isto é fato e por ele não me entrego, ao contrário, por ele é preciso negar com candura e afirmar com bravura, por ele alimentar a mente como quem alimenta criaturas, de novos nomes, novas palavras, novas vidas.Sabe, a saudade é um negócio estranho. É quando, diante dos fatos, nos perguntamos: " o que será que meu amigo diria?" Você diria que eu quero tudo. Eu diria que não me iludo, todo silêncio um dia se queda surdo, por isso guardo minha voz e meu amor, para um dia torná-los espasmo, susto, para reverberar nas paredes e acordar o aquário onde crio minhas aves marinhas. Eu tenho tanto para dar, tanto para criar, tanto para conversar. Por isto meu amigo, caso eu no acaso da vida (não o acaso em si, mas aquela coincidência desejada, saca?) tenha por mim a morte, com sorte ou não, te peço: beba por mim o que eu beberia por você, cante por mim o que eu cantaria com você: faça por mim o que achar que deve fazer, afinal, somos livres para pensar, livres para discordar, para largar tudo e reconstruir, para acreditar no porvir.
P.S. : Barbalha é, no fundo sem fundo, a cidade do desencanto. O povo daqui anda despovoado. Sinto-me só. Ela permanece, há quase três anos ela bravamente permanece e torce por mim.
p.s. último: cada vez mais fragmentado em nomes. eu.

terça-feira, agosto 01, 2006

Todo Mundo é uma ILHA



Nenhum homem, proclamou, é uma ilha, e ele estava errado. Se nós não fôssemos ilhas, estaríamos perdidos, afogados nas tragédias dos outros. Nós nos isolamos (uma palavra que significa, literalmente, lembre-se, ser transformado em ilha) da tragédia dos outros por nossa natureza de ilha, e pelo desenho e pela forma repetitiva das histórias. O desenho não muda: havia um ser humano que nasceu, cresceu e então, por causa de uma coisa ou de outra, morreu. Pronto. É possível preencher as lacunas com base em sua própria experiência. Tão sem originalidade como qualquer outro conto, tão único como qualquer outra vida. Vidas são flocos de neve, formando figuras que já vimos antes, tão parecidos uns com os outros quanto ervilhas em uma vagem (e você já olhou para as ervilhas em uma vagem? Eu quero dizer, olhou mesmo para elas? Depois de um minuto de exame atento, não há chance de você confundir uma com a outra), mas, ainda assim, única.
Sem indivíduos, enxergamos apenas números: mil mortos, 100 mil mortos, "o número de vítimas pode chegar a um milhão". Com histórias individuais, as estatísticas se transformam em pessoas - mas até isso é mentira, porque as pessoas continuam a sofrer em números que, por si só, são entorpecentes e sem sentido. Olhe, veja a barriga inchada do menino e as moscas que andam no canto dos olhos dele, seus membros esqueléticos: vai ajudar se você souber seu nome, idade, sonhos e medos? Se enxergá-lo por dentro? E, se ajudar, será que não estaremos prestando um desserviço à irmã dele, que está ali ao lado, estirada na poeira abrasadora, uma caricatura distorcida e inchada de uma criança humana? E daí, se lamentarmos por essas duas crianças, será que elas agora passarão a ser mais importantes para nós do que milhares de outras crianças atingidas pela mesma fome, milhares de outras vidas jovens e contorcidas que logo se transformarão em alimento para os mosquitos?
Nós desenhamos nossos limites ao redor desses momentos de dor... continuamos em nossas ilhas, e eles não podem nos ferir. Ficam escondidos sob uma cobertura nacarada, suave e segura para que escorreguem, como as ervilhas, de nossas almas sem que sintamos dor verdadeira.
A ficção nos permite deslizar para dentro dessas outras cabeças, para esses outros lugares, e olhar através de outros olhos. E então, no conto, paramos antes de morrer, ou morremos de forma indireta ou sem prejuízo e, no mundo além do conto, viramos a página ou fechamos o livro, e terminamos de viver nossa vida.
Uma vida que, como qualquer outra, é diferente de todas.

domingo, julho 30, 2006

Entrevista com Marcola, ao Jornal O GLOBO- Coluna Arnaldo Jabor//Leia até o final

"- Você é do PCC ?-"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicasromânticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas...Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo...Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto...Leio Dante na prisão...
"- Mas... a solução seria...-"
Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC... e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
"- Você não têm medo de morrer ?-"
Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba...Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, nomeio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala...Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
"- O que mudou nas periferias ?-"
Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como oBeira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... ha, ha.. Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços.Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
"- Mas o que devemos fazer ?-"
Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas...O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz,"Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras,escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Sebobear, vão rolar uns Stingers aí...Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?
"- Mas... não haveria solução ?-"
Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a"normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... namoral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

Por uma vida menos ordinária


Terror e tédio.
A mistura do novo milênio.
Vidas vazias sendo supridas pela moda.
Uma bolsa Louis Vuitton ou uma banda de garagem de rock inglês dão direito a uma vida diferente. Compra-se um instante de felicidade, ou - no caso do rock inglês - uma depressão por um amor que nunca se teve.
E todos esses adereços modernos que te escondem do grande sol deixam de ter utilidade em um instante, seja pelo fim da mais nova moda do século passado ou por um garoto sem dinheiro e sem fé que manda seus miolos pelos ares.
Ou um garoto sem expectativas - mas com muita fé - que manda um restaurante pelos ares.
Deve haver algo diferente disso tudo.
Tem que haver algo diferente...
Essa mensagem é só um desabafo.

Salvação


Sombras vagam surdas-mudas
Sobre os becos sujos da cidade
O cheiro de diesel nos deixa loucos de sede
Mas o doce sabor do vinho não se compara
À suave nuance do teu corpo
Quando teremos nosso momento de silêncio eterno?

...o vento nos impede de andar...

Estrelas brilham sobre o asfalto que queima meus pés
O céu pesa feito chumbo nas nossas cabeças
Como se nos devolvesse para o seio da grande mãe
Que apodrece os teus que virão

Quando até os ventos soprarão a nosso favor?
Quando as almas tristes entenderão
O nosso interminável coro de lamentações?

Venha garota, a noite nos chama com seus vastos cabelos prateados
E a madrugada surge como uma onde de calor que estrangula a nossa vontade

Levante-se do seu silêncio ancestral
As lágrimas de sangue seco anunciam o novo tempo
O sacrifício vai começar...

O passar das horas nada mais significa para nós
Pois quando o choro dos anjos tornou meu canto universal
As velhas chagas se fecharam
E a besta enjaulada no coração da tua cidade
Acorda novamenteE nos entrega a salvação

Oração

quando todos pensarem que estou morto
estarei na montanha mais alta da Grande Aldeia
ao lado direito de Augusto dos Anjos
sob a sombra de um sol morto & esquecido
refletido nas raízes que nascem dos olhos de Cruz & Sousa

quando todos pensarem que estou morto
estarei na maior selva de pedra da Aldeia Grande
na forma de vento ou pássaro noturno
olhando como um cego a luz do sol para todos os mistérios da terra & do céu
encravados nos caminhos da arcaicos

quando todos pensarem que estou morto
estarei correndo nu pelo olimpo
um deus entre os deuses
solitário e louco como um rei selvagem
ou um monge ébrio entre os miseráveis

quando todos pensarem que estou morto
estarei na taberna ou na praia mais fascinante
conversando com a Virgem e com Jim Morrison
fumando haxixe, ópio e marijuana
bebendo lentamente o vinho do Soma das Almas

quando todos pensarem que estou morto
estarei em meditação tão profunda
que um tolo me tomará por um espectro ou por um fantasma
e os sábios cairão por terra
cegos pelo brilho da estrela que arde em meu estômago

quando todos pensarem que estou morto
estarei vivo na última semente
apodrecendo no charco
& germinando a árvore do próximo planeta
depois da morte e do enterro da esperança