quinta-feira, setembro 28, 2006

Definitivamente, se eu pudesse eu não seria um problema social...

Uma fórmula de impedir que os capitalistas extraiam riqueza de nosso trabalho.

Não se mate de trabalhar. Em termos gerais, não há nada mais óbvio que uma operação tartaruga (claro que greves tartarugas são válidas). Quando iniciamos um novo trabalho deveríamos trabalhar um nível abaixo de nossa verdadeira habilidade. Nunca deixe-os saber que podemos fazer mais. Faça o mínimo que puder desde que não seja demitido. Isto pode configurar um nível realmente alto de produção em um mercado de trabalho muito competitivo onde há milhões de empregados puxa-sacos que tentam impressionar seus patrões e ganhar mais (isto é, ser promovido) ou no mínimo manter seus empregos. Mas quanto mais trabalhadores adotarem a atitude de produzir o mínimo possível mais difícil será os patrões descobrirem aquilo de que realmente os trabalhadores são capazes de fazer. A secular luta entre capitalistas e trabalhadores situa-se precisamente na necessidade que os capitalistas tem de extrair mais valia dos produtores diretos que aquilo que eles pagam em salários e benefícios. Esta batalha foi, e está sendo, travada em cima da jornada de trabalho, salários, velocidade de produção, acidentes de trabalho, tempo de férias, intensidade de trabalho, licença médica, período de almoço, horas extras, idade de aposentadoria, saúde e pensão beneficia, e assim por diante. Qualquer coisa que exija um maior pagamento por parte dos capitalistas e uma diminuição dos seus lucros debilita o mundo deles e fortalece o nosso.Mas “fazer corpo mole no trabalho” vai um pouco além destes outros tipos de luta. Nenhum negócio poderia durar um ano não fosse pelo entusiasmo, energia, e dedicação dos trabalhadores em sua labuta. Isto acontece em toda parte, em todo canteiro de obras, em toda fábrica, e em todo escritório. Sempre há aqueles poucos que mantém o andamento empresarial, ou até mesmo o mantém operando suavemente. O capitalismo desmoronaria sem esta energia criativa, sem essesresolvedores-de-problemas, sem esta inteligência livre aplicada a situações novas. Basta observar o que acontece quando alguns trabalhadores tentam "trabalhar para valer" – as coisas começam a se desvendar rapidamente. Os capitalistas ainda continuam pregando que os trabalhadores fazem apenas o que eles mandam e que não pensam sobre o que fazem ("apenas faça") ou (“just do it”). ao mesmo tempo em que normalmente culpam os trabalhadores quando coisas dão errado, por não terem visto o problema e tomado a iniciativa para corrigi-lo.O princípio de ‘fazer corpo mole’ significa não assumir qualquer responsabilidade pelo sucesso do negócio, não trazer nenhum entusiasmo a nosso trabalho, não fazer nada quando as coisas derem errado, não resolver nenhum problema da produção para os patrões, não prestar nenhuma informação, não criar nada novo, não melhorar nenhum procedimento - em suma: faça o mínimo possível. Aí está uma fórmula de impedir que os capitalistas extraiam riqueza de nosso trabalho. Isto também constitui um importante azeitamento na engrenagem do processo de acumulação sem o qual o sistema entraria em colapso.Sempre houve pessoas lentas no trabalho. Isto freqüentemente cria tensões porque os outros trabalhadoresnormalmente têm que fazer o trabalho que os ‘preguiçosos’ não estão fazendo. Mas o que aconteceria se todos nós, ou a maioria de nós, nos tornássemos ‘preguiçosos’? A estratégia do ‘fazer corpo mole’ sugere precisamente isto - que todos nós possamos inventar uma doença para não ir trabalhar. Isto vai porém contra o caráter, pelo menos de muitos de nós. É natural querer fazer as coisas direito, desenvolver habilidades, ter orgulho de nosso trabalho. Entretanto, temos queperceber que nossos exploradores contam com nossas boas motivações e as usam contra nós. Nossos instintos naturais em superar as dificuldades estão sendo usados para destruir nós mesmos, nossas comunidades e efetivamente a própria terra.Finalmente, até que ponto qualquer indivíduo pode se tornar um ‘corpo mole’ variará, depende da situação da pessoa e de sua personalidade. Pessoas que possuem famílias grandes, muitos amigos, e em meio a muitos colegas de trabalho, são mais fáceis de serem demitidas. Ao contrário de pessoas muito isoladas. Também, há aquelas que tem mais medo que as outras, sendo mais vulneráveis às pressões, e às ameaças dos patrões. Apenas pessoas destemidas e seguras podem desprezar a arrogância dos patrões e dos chefes. Se pudéssemos conseguir que nossos bairros, locais de trabalho, eassociações de Casas estivessem de nosso lado, teríamos coragem suficiente para fazer ‘corpo mole’ no trabalho. Outra coisa de vital importância estratégica, é nos dedicarmos a tarefas não exploradas pelos capitalistas, assim, enquanto construímos nosso mundo, arruinamos o deles.O princípio estratégico do ‘fazer corpo mole’, poderia se tornar o componente central dentro de uma cultura deoposição ao capitalismo, e é algo que pode ser iniciado hoje mesmo por toda pessoa empregada. “Just don’t do it”. Apenas não faça. Não esquente a cabeça. Não crie nada.Naturalmente, há precauções de segurança que devem ser observadas. Operadores de guindaste, pilotos, motoristas de ônibus, cirurgiões (e dúzias mais de trabalhadores em funções críticas) devem ser suficientemente hábeis para assegurar que ninguém se machuque. Entretanto mesmo dentro destes limites há ainda bastante coisa a fazer. A maioria das funções não são em nada críticas. Também, o ‘fazer corpo mole’ no trabalho deve ser acompanhado por um esforço determinado por construir algo de qualidade em outro lugar. Caso contrário, o “corpo mole” pode se tornar um modo de vida, nada mais que um atoleiro de preguiça e apatia.

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